domingo, 20 de junho de 2010

PEDÁGIO VERDE!

PARTIDO VERDE DE SÃO PAULO COBRA PEDÁGIO!


PARTIDO VERDE DE SÃO PAULO COBRA "PEDÁGIO" DE CANDIDATOS A DEPUTADO.
FOLHA DE SÃO PAULO
BERNARDO MELLO FRANCO
EDUARDO OHATA

O PV impôs um pedágio aos filiados que vão disputar vagas de deputado estadual ou federal pelo partido em São Paulo. Homens têm de pagar R$ 5.000, e mulheres, R$ 2.500 para concorrer.

Segundo relatos feitos à Folha, a taxa foi exigida aos 240 candidatos oficializados ontem, na convenção estadual do partido. A presidenciável Marina Silva foi a estrela da festa.

A sigla apresentou chapa com 168 homens e 72 mulheres. Se todos tiverem pago, o valor arrecadado chega a R$ 1,02 milhão.

O pedágio foi cobrado nos últimos dias no Diretório Estadual do PV, na Vila Mariana. A reportagem esteve no local anteontem e, sem se identificar, perguntou o que era necessário para inscrever uma candidata.

Em conversa gravada, uma funcionária do partido chamada Anna informou os valores e deixou claro que a taxa era obrigatória. "É geral. Todos os homens e todas as mulheres pagaram isso".

Ela forneceu uma lista de documentos exigidos, como cópias de RG e CPF. À mão, escreveu o telefone do secretário estadual de organização da sigla, Alexandre Bissoli, a quem deveria ser entregue a "contribuição".

A funcionária avisou que o pagamento só poderia ser feito em cheque e à vista: "Parcelar, não tem como. Mas eu seguro [o cheque]".

Ela ainda brincou com o desconto para as mulheres: "Viu como é bom ser mulher? Mas se ela quiser pagar R$ 5.000, pode pagar".

COMPULSÓRIO

O presidente estadual do PV, Maurício Brusadin, disse que a taxa era opcional, para candidatos interessados em receber suporte do partido.

"Como a gente poderia falar de ética e fazer isso? Se só dou legenda a quem pagar, estou trocando o critério político pelo financeiro", disse.

Quatro candidatos confirmaram à Folha que foram obrigados a pagar a taxa.

"Não tinha como não pagar", afirmou a recepcionista Dora Ribeiro, que tenta vaga na Assembleia Legislativa.
Moradora de Itaquera (zona leste), ela disse ter entregue o dinheiro anteontem, sem ouvir promessa de contrapartida. "O dinheiro entrou mais como doação ao partido", disse ela, que achou o valor "salgado".

Candidato a deputado estadual, Cleverson Alves da Silva contou ter sido avisado de que o pagamento era obrigatório para obter legenda.

"Me passaram que é R$ 5.000 para homem. Mas não sei se a minha assessoria já mandou pagar", disse.

Os candidatos Walter Felix (federal) e Maria Luzia Cassimira (estadual) também confirmaram a cobrança.
Segundo técnicos da Procuradoria Regional Eleitoral, a lei não prevê pagamento em troca do registro de candidatura. O órgão analisa os casos individualmente e, se constatar abusos, pode eventualmente denunciar os partidos à Justiça Eleitoral.

OUTRO LADO

O presidente estadual do PV, Maurício Brusadin, confirmou a existência de taxas de R$ 5.000 para homens e R$ 2.500 para mulheres que vão se candidatar a deputado, mas disse que a cobrança não teria caráter obrigatório.

Ele afirmou tratar-se de uma "vaquinha" para cobrir gastos dos filiados. Entre as despesas, citou a encomenda de material gráfico, como santinhos, e serviços de assistência jurídica e contábil. "Os candidatos que não desejarem não precisam [pagar]", disse ele.

O dirigente afirmou que os funcionários do partido são orientados a dizer aos pré-candidatos que a cobrança da taxa não é obrigatória, o que não ocorreu no diálogo gravado pela Folha. "Não tem obrigatoriedade. Se tivesse, eu te diria", disse o dirigente do PV.

Segundo Brusadin, o desconto para as mulheres é uma espécie de "subsídio" para ajudar o partido a cumprir a cota de 30% de candidaturas femininas.

Procurado, o secretário estadual de Organização do PV, Alexandre Bissoli, não ligou de volta.

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