quinta-feira, 7 de abril de 2011

PROFESSOR DE GUARUJÁ!

CRÔNICA DE UM PROFESSOR OU UM SOFREDOR DE GUARUJÁ...

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Sexta passada, ônibus sujo, velho e lotado, meia hora de atraso (leia-se 77, quando não quebra!). Resolvo descer um pouco antes e andar pela Pérola do Atlântico, visto que moro em Santos…graças ao bom Deus! O objetivo era o posto da Medicina do Trabalho.

No caminho a quantidade de janelas fechadas chama a atenção. Sei que na avenida onde eu caminhava muitos apartamentos só abrem suas portas em temporada, no entanto, o mato crescendo pelas calçadas e a total falta de cuidado com a limpeza dão a impressão de que a cidade foi invadida por canibais alienígenas. Penso comigo: “até o bairro mais ‘xinfrin’ de Santos é melhor do que isso!”.

Passo por um terreno abandonado, cheio de entulho e poeira, ao lado de uma escola. Passo por uma rua onde o esgoto jorra e os funcionários da perefitura não percebem que os transeuntes desviam indo parar no meio da avenida. ” Será que eles não conhecem cones? Será que eles não percebem que um grave acidente pode acontecer?”, meus heróis neste momento são os chatos da CET de Santos que, pelo menos, sabem sinalizar as ruas numa situação dessas. Mas jorra esgoto nas ruas e nas cabeças dos funcionários da prefeitura.

Caminho e lá pelas tantas me deparo com mais um obstáculo: vários galhos de árvores podadas estão amontoados na calçada oposta ao Teatro (teatro?) Procópio Ferreira, solução? Ir para o meio da rua.

Suspiro e depois de muito andar chego ao objetivo. Se eu me espantava com o mato crescendo sem cuidado pelas calçadas concluo, vendo os arredores da Medicina do Trabalho, que Guarujá é um projeto de selva! Infelizmente uma cidade com tantas belezas naturais coleciona jumentos na administração municipal. Como é que alguém pode apostar com tanta segurança numa Miami que mais se parece com a cenoura na frente do burro. Pré-sal? Por que ninguém se preocupa efetivamente com os pré alfabetizados?

Sou professora da rede pública na Pérola Negra do Atlântico. As ruas que cercam a escola onde trabalho são enlameadas, faça chuva faça sol. Escorre um líquido asqueroso pelo caminho e quem vai de carro detona o veículo em menos de um mês. Dentro da escola há estrutura para a realização de boas aulas mas um jumento não sabe ler livros e desgraçadamente o material humano é muito ruim. 

A começar pelo alto escalão da Seduc. No planejamento anual lemos que no conteúdo de História devemos ensinar sobre os símbolos pátrios, inclusive sobre o brazão (brasão com z?!).O que assuta é que aluno de sétimo ano não sabe mais nada sobre a História do Brasil além do encontro entre portuguese e índios. E o que dizer das Africanidades em Geografia? Este povo copia e cola o que há de bonitinho sendo dito por aí e não estuda NADA do que diz ou propõe ( raríssimas exceções, tão raras que não são o suficiente para influenciar positivamente os sistema de ensino na cidade). 

Querem projetos de leitura na escola mas pergunte qual foi o último livro que os educadores leram. E a era digital? Tem professor usando e abusando dos seus notes em sala de aula. Para quê? E-mail, notícias , bate-papo, e os tatambas dos alunos que copiem tudo o que está na lousa! Mas porque reclamo? Ganho R$19 por hora aula não é prefeita? E ligue para Seduc pedidno expliações, a resposta é tu tu tu da ligação que cai.

Aluno passou mal? A mãe do aluno me adverte: “eu sei que tenho que levá-lo para o exame de estômago mas meu outro filho ficou na mesa do Santo Amaro”. E a meninada que entra com aparelho de som na escola , arrastando chinelo, com seus bonés e a costumeira empáfia dos miseráveis que são protegidos pela mão forte do estado. Nós, professoras, que aguentemos o rojão dos palavrões, das agressões e da zona generalizada. O que é isso minha gente? Uma selva, sem dúvida!

Peço desculpas pela extensão deste cometário mas é um desabafo. Uma cidade como o Guarujá, com tanto potencial para o turismo, para cultura, só poderia estar nestas condições em um país onde jumento é rei e terrorista chora pelos “brasileirinhos” mortos.

E amanhã tem mais, se o 77 não quebrar como quebrou hoje (7:15)…para variar.

Um comentário:

  1. Anônimo disse...

    ERRATA ( A PRESSA E AS FORTES IMAGENS EVOCADAS NA MEMÓRIA FAZEM ESTRAGOS! RS):

    * "Passo por uma rua onde o esgoto jorra e os funcionários da prefeitura*"

    *"O que assusta* é que aluno de sétimo ano não sabe mais nada sobre a História do Brasil além do encontro entre portugueses* e índios"

    * "ligue para Seduc pedindo* expliações"

    Tem mais um monte de erros de digitação e a estrutura do texto está longe de ser um Dostoiévski, mas você leitor entendeu a mensagem.
    7 de abril de 2011 23:13
    Anônimo disse...

    Inspirada pelo desabafo postado na íntegra lanço algumas perguntas aos leitores, em especial os educadores da Ilha Fantasia:

    1. Em alguma reunião de professores você conheceu o PPP ou o Regimento escolar? Em Praia Grande até berçarista conhece (pelo menos há 6 anos atrás conhecia!);

    2. o banheiro das crianças fede a mijo? A poesia é tamanha que merece mais destaque: vá visitar uma escola no horário do recreio (que é o horário que elas mais usam o WC) e verifiquem a limpeza.
    Descobri alguns anos atrás que um WC de uma escola em Vicente de Carvalho podia ser fotografado e exposto como cativeiro da Al Qaeda, tamanha era a imundice!
    O curioso é a quantidade de cartolina gasta com mensagens como "Salve a natureza, o ambiente, a água e blá, blá, blá"; é duro para as inteligências perceberem que falar de preservação do ambiente é falar de limpeza nas salas de aula e principalmente nos banheiros das CRIANÇAS!!! Defende-se tanto os pobrezinhos dos animais e ninguém liga para as meninas que "se balaçam" para "secar" o xixi, como se fossem realmente animais, já que não há papel higiênico no banheiro da escola.
    Material escolar reciclado, politicamente correto, tem! E funcionário para a limpeza, cadê?

    3. a sua escola já recebeu a visita da secretária e de repente todas as salas de aulas estavam trabalhando o projeto que a dita cuja queria ver? Ou então, as lousas digitais estavam em pleno vapor?

    4. a sua escola já recebeu a visita da prefeita para entrega de material ou coisa do tipo? Se a resposta é positiva, você reparou a quantidade de cabides que aparecem na comitiva? Tem uma moça bonitinha para segurar o papel, outra moça bonitinha para abanar, outras moças bonitinhas para aplaudir, e um monte de sala sem professor.


    5. você já recebeu o conselho amigo de uma professora experiente dizendo: "fique na tua, estamos em terra de coronel!"?

    6. você já escutou a piadinha: " ela está no cargo porque tem vereador por trás" (ou coisa muito pior e vulgar)?

    7. você já viu quantos projetos são lindos nas fotos e vídeos?

    8. você, professor, já ficou sem voz gritando "calem a boca!", ou já travou as costas separando briga de marmanjo repetente ( construtivistas- sinônimo de incompetência na alfabetização das escolas públicas)? Você, querido colega, já foi procurar ajuda e orientação e escutou dos seus "superiores" um: "siga teu coração!"?

    9.você, educador estimado, já percebeu que há crianças reparando mais nas calças coladas de algumas popozudas da Educ. ou no vestidinho do tipo " camisola de trabalho"?

    Vão comentar por aí: "viram que coração peludo tem aquela professorinha que escreveu naquele blog?", eu só lamento. Não tenho medo de coronéis, não tenho "rabo preso com vereador", e ganho R$19,00 por hora de trabalho.

    Encerro dedicando estas críticas irônicas, mas reais, em memória das crianças baleadas em uma escola pública do RJ. Escola pública é casa de mãe Joana e todo mundo chora com uma tragédia dessas...só não percebemos que crimes brancos ocorrem todos os dias, na E.M ao lado.

    Que Deus receba as almas destes meninos e meninas e que ilumine a cabeça daqueles que se vendem por um bocadinho de dinheiro que não compra mansão no Paraiso. Diz a lenda que o diabo ri dos que escondem seus talentos pelo conforto de um cargo passageiro...

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