MÉDICOS NÃO QUEREM TRABALHAR NO PEREQUÊ, EM GUARUJÁ.
COMUNIDADE QUE UTILIZA A UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO (UPA)
SOFRE COM A FALTA DE MÉDICOS, ESPECIALMENTE PEDIATRAS.
Apesar de estar bem equipada – uma sala de emergência completa e demais dependências adequadas ao atendimento de urgência – a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Perequê “Anibal Arden dos Reis”, cuja placa na fachada aponta atendimento 24 horas, sofre de um mal que não há remédio que cure: a falta de médicos, especialmente pediatras.
Localizada na região Rabo do Dragão, a UPA é fundamental para o atendimento de centenas de famílias caiçaras, que vivem às margens da Rodovia Ariovaldo de Almeida Viana (SP61), conhecida como Estrada Guarujá-Bertioga. A última delas, por exemplo, a comunidade da Prainha Branca, cujo único acesso é um caminho de pedras ao lado da balsa, possui 560 moradores.
No entanto, o grande número de crianças não vem sendo suficiente para vencer a distância e sensibilizar médicos e autoridades de que saúde é fundamental. Quem confirma é uma das responsáveis pela Pastoral da Saúde da Baixada Santista, Durvalina Pinheiro dos Santos, moradoras no Sítio Pedrinhas (quilômetro 18 da estrada) que há meses vem lutando por dias melhores no lado leste da Cidade.
“Há boletins de ocorrência e até denúncia no Ministério Público. As nossas crianças, quando doentes, têm que ser levadas à UPA da Enseada e até ao Pronto-Socorro da Rodoviária. Muitas vezes os pais não têm dinheiro da passagem para o transporte público que, durante a madrugada, praticamente não existe”, afirma Durvalina.
A representante da Pastoral reclama, ainda, da falta de ambulância e de remédios, inclusive os básicos. “Os agentes que atuam no Programa de Saúde da Família (PSF) também não têm condução. Nosso receio é que a saúde de Guarujá seja privatizada, o que não é bom para a comunidade. Se a situação não mudar, vamos promover um grande manifesto na estrada. Quantas vidas mais serão perdidas por falta de profissionais?”.
A representante da Central de Movimentos Populares (CMP) Marie Murakame afirma que o Ministério Público vem se posicionando sobre a falta de pediatras (ver nessa reportagem). Ela também não vê a privatização como alternativa. “Serviço público é voltado à população carente e o privado é voltado à classe média-alta, que não é o caso dos moradores do Rabo do Dragão”.
Ao lado da UPA do Perequê, Francisco Borba de Moura, pai de três filhos, confirma a falta de médicos. “Aos sábados e domingos, por exemplo, não adianta passar por aqui. Aqui não tem também aparelho de Raio X”, disse.
A falta do equipamento e a de profissionais foi confirmada pela reportagem junto aos funcionários da UPA do Perequê, que pediram para não se identificar. Eles revelaram que os médicos se negam a fazer horas extras e reclamam da distância. “Muitos moradores não entendem a situação e ameaçam nos agredir. Já comunicamos a situação para a Prefeitura. A UPA teria que ter 38 funcionários e só tem 13 para cobrir todos os períodos”, revela uma funcionária.
Em janeiro deste ano, a falta de pediatras não só no Perequê, mas em outros pontos da Cidade, foi objeto de ação do MP. O promotor Osmair Chamma Júnior encaminhou ofício à Secretaria de Saúde do Município, solicitando as seguintes informações: quais as providências diante do problema, qual a quantidade de profissionais, nome dos pediatras, dia e horário de atendimento.
Fonte: Diário do Litoral
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