terça-feira, 27 de janeiro de 2015

VILA NOVA: SILENCIOSAMENTE, NASCE UM NOVO BAIRRO EM GUARUJÁ.

VILA NOVA: SILENCIOSAMENTE, NASCE UM NOVO BAIRRO EM GUARUJÁ.
COM MAIS DE 700 CASAS ERGUIDAS, O VILA NOVA SURGE DA ORGANIZAÇÃO DE PESSOAS QUE LUTAM POR MORADIA DIGNA.


Desconfiado da presença da Reportagem, o menino segue com restos de entulhos nos ombros em direção a uma das centenas de casas que está sendo erguida, silenciosamente, em Guarujá, cidade com um déficit habitacional na ordem de duas mil moradias. Pedrinho (nome fictício) é apenas um dos milhares de ‘operários mirins’ na construção de um de um novo bairro: Vila Nova. Erguido de forma silenciosa e clandestina, ele está localizado em frente ao bairro de Morrinhos, um dos mais populares e carentes da Cidade.

Por ironia do destino, o terreno escolhido pelos ocupantes – em que já foram erguidas exatas 713 casas que abrigam mais de duas mil pessoas (700 crianças) - fica atrás de uma área que estão vários montes de restos de material de construção que sobrou de um complexo habitacional, que tinha 458 moradias, abandonado pela Caixa Econômica Federal (CEF). As moradias nunca foram entregues e o material, inclusive, está sendo usado pela comunidade para erguer seus futuros lares.

A área tem dono. É da Cooperativa Real da Habitação (Coophreal), que administra obras em três cidades da região e que construiu dois complexos nas imediações. Neste sentido, o futuro bairro Vila Nova já causa um conflito de dois direitos constitucionais, o de propriedade (por parte da cooperativa) e o de moradia por parte da comunidade que, por sinal, em função da organização, se mostra diferente de todas as demais que proporcionaram ocupações irregulares no Município, notabilizado por sua grande quantidade de favelas.

Em 2010, em números absolutos de unidades habitacionais precárias, o Município era campeão em favelização do litoral paulista. Naquele ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) informou que 26.095 moradias eram classificadas como “subnormais”. Elas abrigavam 95.427 pessoas.

De tambores de lixo à horta comunitária

No local, a Reportagem conversou com uma comissão de moradores, liderada pelo auxiliar administrativo Thiago Gentil. Ele já iniciou o processo de registro da futura Associação de Moradores da Vila Nova no cartório e fez questão de enfatizar como vem organizando a área, adquirindo tambores para coleta de lixo; coibindo a venda de lotes; numerando as casas; nominando ruas, cadastrando moradores e criando até uma horta comunitária, sob a responsabilidade da moradora Maria Solidad Silva dos Santos.

“Não temos condições de comprar a área de uma vez, somente de forma parcelada, mas temos que dar um teto para nossas famílias. Já temos a sede da associação e estamos reservando local para abrigar uma escola, uma creche, um posto de saúde e até um campo de futebol. Qualquer pessoa de bem pode andar livremente aqui porque os moradores são todos trabalhadores. Nossa luta é por moradias dignas, nada mais”, afirma Gentil.

Thiago Gentil salienta que existe preocupação até com a largura das ruas, para evitar a formação de becos e locais que sirvam de esconderijo para marginais. Uma das principais vias de acesso às residências dá uma noção exata do sentimento da comunidade da Vila Nova. Ela foi nominada Rua Esperança, localizada por intermédio de uma placa improvisada.

O pedreiro e conselheiro fiscal da comissão de formação da associação, Severino José Teixeira, revela a intenção é formar um bairro organizado. “Eu cheguei a fazer o cadastro no programa Minha Casa, Minha Vida, mas meu registro não foi encontrado na Prefeitura. Estou morando aqui há um ano e quatro meses e, como os demais moradores, busco dias melhores para minha família”, disse.

Fonte: Diário do Litoral

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