segunda-feira, 2 de agosto de 2010

TRAGAM OS CACHORRINHOS!

GUARUJÁ NA MÍDIA NACIONAL
AREIAS DAS PITANGUEIRAS ELEGEM A PRAIA COMO "A PRAIA DE MER..."

JORNAL A TRIBUNA (01/08/10)
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Enquanto na cidade do Rio de Janeiro o monitoramento da qualidade sanitária das areias acontece a cada 15 dias, nas praias do Estado de São Paulo vem sendo realizado a cada 12 anos. A exceção fica por conta da análise feita no último verão, ou seja, no ano seguinte ao atual estudo, e que só será divulgada no próximo relatório. No entanto, um projeto de lei quer tornar essa avaliação mais frequente.

Apresentado na Assembleia Legislativa pelo deputado Carlinhos Almeida (PT), a proposta que inclui a análise periódica da areia no programa de monitoramento das praias executado pela Cetesb foi aprovada em abril do ano passado. Mas acabou vetada pelo então governador José Serra, que argumentou, entre outras coisas, que não há provas de que a presença de agentes patogênicos infectem os banhistas. Além disso, o veto (que ainda pode ser derrubado pelos parlamentares) sustentou quepraias com boas condições de balneabilidade normalmente têm areias com qualidade sanitária.

No entanto, essa não é uma regra. Quem alerta é a bióloga da Cetesb Karla Cristiane Pinto. Tanto que a praia de Pitangueiras, em Guarujá, apesar do histórico de bons resultados da água, apresentou alta densidade de indicadores fecais na avaliação da areia.

Apesar do veto do governo ao projeto de lei, Karla destaca que o assunto faz parte da pauta da Cetesb e que a análise pode passar a ser mais freqüente. No entanto, ela entende que "o monitoramento sistemático como acontece com a água não é necessário", mas que a forma ideal deve ser definida com base em estudos. Para a bióloga e professora da Unesp Ana Julia Fernandes Cardoso de Oliveira, de nada adianta a exigência do monitoramento, por meio de lei, se antes não forem estabelecidos parâmetros e valores aceitáveis. Para isso, ela defende a criação de grupo técnico.

Monitoramento da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) sobre a qualidade sanitária das areias daspraias da Baixada Santista e do Litoral Norte constatou altadensidade de poluição fecal. Boqueirão, em Santos; Pitangueiras, em Guarujá; Gonzaguinha, em São Vicente; Tenório, em Ubatuba; e Sino, em Ilhabela, foram as que apresentaram maiores níveis de contaminação. Além delas, também foram avaliadas Boqueirão, em PraiaGrande; Indaiá, em Caraguatatuba; e Arrastão, em São Sebastião, totalizando oito praias selecionadas pela estatal de acordo com a qualidade de suas águas, ocupação urbana e freqüência de banhistas.

O estudo técnico analisou três indicadores de contaminação fecal: coliformes termotolerantes, escherichia coli e enterococos, e as bactérias staphylococcus aureus e pseudomonas aeruginosa em amostras de areia seca, úmida e de água. Além disso, observou a presença de candida albicans e de ovos de helmintos. A presença desses indicadores significa que o ambiente foi contaminado por fezes, conforme a bióloga e professora da Unesp Ana Julia Fernandes Cardoso de Oliveira, especialista em microbiologia marinha e ambiental. "Mas junto com isso pode haver bactérias patogênicas e vírus".

Apesar da constatação de poluição fecal, ainda não foi comprovada a capacidade da areia de infectar banhistas. Isso porque não existe até agora um estudo epidemiológico relacionando a densidade dessas bactérias na areia com a ocorrência de doenças. "Há alta densidade de indicadores fecais e de bactérias. O que isso acarreta, a gente não pode afirmar", explica Ana Julia. Em outras palavras, é sabido que há o risco de contaminação, mas não existem dados para dimensionar o tamanho dessa probabilidade.

Tampouco é possível dizer com certeza se os índices encontrados são admissíveis. Isso porque o País ainda nãocriou legislação que determine parâmetros, como já fez naresolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) nº 274/2000, com critérios para determinar se as praias estão próprias ou impróprias para banho. A mesma resolução, em seu artigo 8º, apenas recomenda aos órgãos ambientais a avaliação das condições parasitológicas e microbiológicas da areia, para futuras padronizações.

Neste sentido, o relatório daCetesb destaca que já foram propostos alguns critérios dequalidade microbiológica para os indicadores de contaminação fecal da areia. Um estudo de Portugal, por exemplo, propõe valor imperativo de 100 mil coliformes termotolerantes e 10 mil enterococos por 100 gramas de areia. Se este fosse o padrão usado na avaliação das praias paulistas, Pitangueiras e Gonzaguinha, na Baixada Santista, e Tenório e Sino, no Litoral Norte, estariam impróprias.

Outro padrão citado no levantamento da Cetesb, proposto pela Associação Bandeira Azul, uma ONG da Europa, prevê como valores máximosadmissíveis a presença de 2 mil em 100 gramas de areia seca,de escherichia coli e enterococos. Com base nesses números,todas as praias da Baixada Santista estariam impróprias. Da mesma forma, três das quatro avaliadas no Litoral Norte (Sino, Tenório e Arrastão) também não seriam recomendadas.

A Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio de resolução da Secretaria de Meio Ambiente, estabeleceu limites para a classificação no ano de 2000, não recomendando o contato com as areias com concentração superior a 400 coliformes termotolerantes por 100 gramas. Em janeiro desse ano, depois de acumular dados de amostras coletadas entre o verão de2006 e o inverno de 2009, o parâmetro foi revisado. Agora, para que uma praia carioca não seja recomendada aos banhistas, é preciso a presença de 3.800 escherichia coli por 100 gramas de areia seca. Considerando esse valor como padrão, as praias do Boqueirão (em Santos e Praia Grande),Pitangueiras, Gonzaguinha e Sino estariam impróprias.

RISCO POTENCIAL

Mesmo sem a comprovação de que a presença dessas bactérias infectem os banhistas, não está descartada a possibilidade de doenças. "Nós entendemos que isso é um risco potencial", explica a gerente de monitoramento ambiental da Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Vera Oliveira. Para ela, mesmo que não haja padrão nacional, o monitoramento serve para informar a população que há indicadores de poluição nesses lugares. Da mesma forma, a bióloga da Cetesb, Karla Cristiane Pinto, destaca que se há contaminação fecal, existe chance de haver bactérias patogênicas. Diz que "existe a tendência da areia seca ser mais contaminada que a úmida".

FONTE: JORNAL A TRIBUNA

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